29% das instituições financeiras não iniciaram plano de implementação de instrumentos financeiros

Estudo mostra o estágio de implementação das práticas focadas nos instrumentos financieiros.

sócio-líder em riscos financeiros da KPMG no Brasil, Rodrigo Bauce. (1)Rodrigo Bauce, sócio-líder em riscos financeiros da KPMG no Brasil. (Foto: Divulgação)

Um estudo realizado pela KPMG apontou que 29% das instituições financeiras pesquisadas ainda não iniciaram ou não souberam informar a respeito do processo de adaptação com as práticas internacionais de contabilidade proposto pela Resolução do Conselho Monetário Nacional n° 4.966/21 para o tema instrumentos financeiros.

De acordo ainda com a pesquisa, 38% delas mencionaram que a implementação já havia sido iniciada e que já estariam na etapa de desenvolvimento e outros 33% indicaram estar se preparando para a jornada e com plano de implementação concluído. O objetivo do levantamento realizado em novembro deste ano foi entender o estágio atual de implementação e contou com 79 participantes do mercado. A resolução entra em vigor em 1º de janeiro de 2025.

“O aprimoramento dos processos na avaliação de instrumentos financeiros tem sido um grande desafio na aplicação da norma internacional IFRS 9 Financial Instruments já implementada no mundo e no Brasil, por meio do CPC 48 Instrumentos Financeiros. Para instituições financeiras aqui no país, existe a necessidade de planejamento em diferentes níveis considerando a amplitude do mercado. Há diversas assimetrias regulatórias, entre o requerimento internacional e a proposição local, que podem ser desafiadoras mesmo para os modelos já consolidados. A jornada de implementação sugere um refinamento técnico e alta exposição a recursos tecnológicos e organização de dados”, analisa o sócio-líder em riscos financeiros da KPMG no Brasil, Rodrigo Bauce.

Preocupação com tecnologia e automação:

Quando questionados sobres os desafios transformacionais da jornada de implementação, 57% dos participantes sinalizaram que a maior preocupação diz respeito aos aspectos transformacionais, tecnologia, automação e dados. Ainda sobre prioridades, 15% dos pesquisados consideram o desenvolvimento associado a perdas de crédito esperadas como relevante. Contudo, 51% apostam no desenvolvimento de novos modelos e aprimoramento de recursos tecnológicos e outros 39% pretendem, de alguma forma, aproveitar sistemas e modelos já desenvolvidos para a IFRS 9.

“Durante a implementação global da IFRS 9, vivenciamos um desafio grande de falta de comparação com normas equivalentes locais. No caso do sistema financeiro brasileiro, o Banco Central fez um primoroso trabalho de redução das assimetrias entre as regras locais e o padrão internacional. Apesar disso, ainda existem algumas assimetrias que demandam atenção, além de desafios importantes de ajustes em sistemas, processos e formalização de políticas e rotinas internas para lidar com temas como a avaliação do modelo de negócios, a construção de testes para pagamento de principal e juros, bem como o monitoramento para impacto contábil, considerando taxa efetiva de juros e aspectos conceituais críticos, entre outros”, finaliza o sócio-líder em riscos regulatórios da KPMG no Brasil, Fábio Lacerda.

Sobre a Resolução CMN n° 4.966:

O Conselho Monetário Nacional publicou, em 25 de novembro de 2021, a Resolução CMN n° 4.966, que busca propor um processo de harmonização das normas contábeis internacionais relacionadas a instrumentos financeiros nas instituições financeiras. A resolução dispõe sobre os conceitos e os critérios contábeis aplicáveis a instrumentos financeiros e a designação e o reconhecimento das relações de proteção (contabilidade de hedge) pelas instituições financeiras e demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil.