Integração das empresas e dos investidores eleva qualidade dos reportes de sustentabilidade
Ainda que as empresas sejam frequentemente responsabilizadas pela qualidade das informações não financeiras, evolução desse mercado depende também do engajamento dos investidores.
Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO da EY para América Latina. (Foto: Divulgação)
A integração das empresas e dos investidores é bem-vinda para elevar a qualidade dos reportes de informações não financeiras, como os de sustentabilidade, de acordo com o estudo EY Global Institutional Investor Survey 2024. O objetivo deve ser fechar a lacuna entre dizer que faz sustentabilidade e efetivamente fazer, utilizando para isso as melhores práticas de desenvolvimento e divulgação dessas iniciativas. Somente assim, ainda segundo o levantamento, essas ações farão com que a sustentabilidade não seja vista apenas como um risco e/ou uma oportunidade do portfólio, mas como um driver relevante das estratégias de investimento.
“Empresas e investidores têm a missão de construir confiança de todos os stakeholders em torno da sustentabilidade para que seja um driver de longo prazo, o que ensejará o cumprimento das metas e a aceleração da transição para uma economia carbono zero”, afirma Ricardo Assumpção, líder de Sustentabilidade e CSO (Chief Sustainability Officer) da EY para América Latina.
As empresas, ainda segundo o estudo, devem se engajar com os investidores por meio dos seus relatórios de sustentabilidade. Nesse processo, o primeiro e mais importante passo é ouvir os investidores sobre as informações que devem constar nesses reportes. O caminho para isso é descobrir como eles estão usando as informações corporativas de sustentabilidade e como melhorar o reporte delas.
Ao mesmo tempo, as empresas precisam prevenir o greenwashing, por meio da adoção de um framework de validação das informações reportadas para o mercado, o que inclui processo de auditoria/verificação das metas, dos planos e do progresso de cada uma das ações previstas. “A empresa deve assegurar que tem evidência robusta em relação a todas as afirmações do seu reporte de sustentabilidade, ainda que digam respeito à sua cadeia de suprimentos”, completa Ricardo. A transparência em todas essas divulgações fará com que o investidor crie confiança na informação reportada. Como parte disso, o estudo recomenda criar um comitê multidisciplinar, envolvendo várias áreas da organização, para apoiar a produção de reportes de alta qualidade.
O plano de transição ocupa papel central nos esforços de sustentabilidade. Esses documentos dão clareza aos investidores sobre a transição da companhia, permitindo às empresas comunicar sua estratégia, inclusive os riscos envolvidos, para atingir metas de carbono zero. Os detalhes sobre Capex e Opex vão permitir que os investidores entendam como as iniciativas de sustentabilidade serão financiadas, com os impactos potenciais nos fluxos financeiros e nos dividendos pagos aos acionistas.
Por dentro das regulações
Já os investidores precisam adotar uma abordagem equilibrada entre desempenho e risco, não deixando com que a pressão por resultados no curto prazo comprometa sua disposição em investir nas iniciativas de sustentabilidade, que costumam ser de médio a longo prazo. Em suas análises de investimento, o estudo sugere que os investidores considerem os planos de transição setorial, não olhando apenas para as empresas individualmente.
Os dados de sustentabilidade, assim como as análises baseadas neles, representam elementos-chave para avaliar adequadamente o risco-retorno dos investimentos. Por fim, as novas regulações de sustentabilidade, como CSRD e ISSB, estão trazendo informações adicionais que precisam ser reportadas pelas empresas. Os investidores devem estar por dentro dessas normas para que consigam relacionar um volume maior de dados com suas próprias estratégias de investimento. À medida que as empresas vão reportando com base nessas regulações, os dados se tornarão mais comparáveis, resultando em decisões de investimento mais racionais e justificáveis.