Apesar de emitirem 60% mais CO2 na fabricação, carros elétricos compensam essa emissão em até 4 anos, aponta especialista
Maior emissão de carbono na fabricação se deve a estamparia, forja de componentes metálicos, eletrônicos e polímeros, e a eletricidade usada nos processos de fabricação dos elétricos.
Apesar de emitir mais carbono durante a produção, carros elétricos tornam-se mais sustentável após quatro anos. (Foto: Freepik)
Os carros elétricos têm se tornado sinônimos de sustentabilidade e uma das principais alternativas para aliviar os altos índices de carbono que são emitidos pelos carros à combustão. Entretanto, um ponto de atenção deve ser colocado: o carro elétrico pode emitir 60% mais carbono em seu processo de fabricação, quando comparado com um carro à combustão. De acordo com Renato Aguiar, professor de Engenharia Elétrica da FEI (Fundação Educacional Inaciana), isso se deve à estamparia, forja de componentes metálicos, eletrônicos e polímeros, e a eletricidade usada nos processos de fabricação. Mas, ainda de acordo com o professor, um carro que roda cerca de 20 mil km por ano, por volta de quatro anos já compensa essa emissão extra de carbono e já começa a ser mais sustentável que o carro à combustão, considerando uma matriz energética limpa.
Para efeito de comparação, um carro a combustão emite cerca de 3,74 toneladas de carbono durante a produção, enquanto um carro elétrico emite até 6,57 toneladas. Porém, ao considerar o funcionamento, um carro à combustão emite cerca de 4,6 toneladas de carbono anualmente, com uma média de 20 mil km rodados de acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos EUA. O carro elétrico não emite carbono diretamente, apenas para seu carregamento. Em países como o Brasil, com uma matriz energética 85% renovável, a cada ano, a recarga de um carro elétrico emite 1,7 tonelada de carbono indiretamente, 63% menos que um carro à combustão.
“Quando abordamos questões como a bateria de lítio e o descarte delas, ainda enfrentamos muitos desafios. É um problema que está sendo observado e se tem tentado encontrar soluções eficientes para diminuir o impacto no meio ambiente pelo descarte da bateria. Uma das alternativas é melhorar o ciclo de vida dessas baterias de lítio por meio de uma reciclagem eficiente, reutilização em casas ou empresas, o que se costuma chamar de second life. Uma outra alternativa seria utilizar novas tecnologias de bateria e isto tem sido objeto de intensa pesquisa”, comenta Aguiar.
Pensando que alternativas para reutilizar a bateria já estão em andamento e que os carros elétricos compensam a emissão de carbono em média dentro do prazo de até quatro anos, no Brasil o desafio também se encontra na infraestrutura. Atualmente, existem poucos pontos de carregamento público, e a maioria com carregamento lento. Os postos de carregamento se concentram em São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que no interior desses estados, quase não encontramos postos de carregamento. As regiões Norte e Nordeste ainda são muito escassas de eletropostos. De acordo com dados da Agência Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), 64% dos postos de recarga se encontram no sul e sudeste do Brasil. Portanto, para grandes viagens e aproveitamento da autonomia dos novos carros elétricos, é necessário que o país invista em mais postos de carregamento que darão maior segurança e confiança aos motoristas, sem medo de ficarem parados sem eletricidade.
Benefícios a longo prazo
“Obviamente, com o aumento da quantidade de carros elétricos haverá, certamente, uma diminuição da poluição do ar. Também, os motores elétricos são bem mais silenciosos que os motores à combustão, diminuindo a poluição sonora e proporcionando uma cidade com um trânsito mais silencioso. Por fim, o carro elétrico proporciona menor dependência do petróleo, o que permitirá diminuir a sua exploração. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia, até 2035, planeja-se uma redução de demanda de 10 milhões de barris de petróleo por dia.” finaliza o professor da FEI.