“Brasil tem a melhor rede 5G do mundo fora da China”, afirma presidente da Anatel
Carlos Baigorri defende modelo regulatório brasileiro e diz que infraestrutura de telecomunicações é motor do desenvolvimento social e econômico.
Carlos Baigorri, presidente da Anatel, afirma que Brasil é referência internacional em cobertura móvel e expansão da fibra ótica. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
“Fora da China, o Brasil tem a maior e melhor rede 5G do mundo.” A declaração é de Carlos Baigorri, presidente da Anatel, durante o Seminário de Infraestrutura e Telecomunicações promovido pelo LIDE, em São Paulo. Segundo ele, o país é referência internacional tanto em cobertura móvel de última geração quanto na expansão da fibra ótica, com mais de 20 mil empresas atuando no setor.
Baigorri exaltou o modelo de telecomunicações brasileiro, totalmente baseado em investimentos privados e guiado por um ambiente regulatório estável. “Estamos colhendo os frutos de uma estrutura que dá segurança jurídica aos investidores e garante competitividade”, afirmou. Ele também destacou o papel da conectividade como base para o desenvolvimento nacional em áreas como saúde, educação, agroindústria e logística.
Conectividade: de necessidade básica a motor econômico
Para Marcelo Mérias, diretor de Políticas Públicas da TIM, sucesso do setor também está ligado à ousadia da política pública em telecomunicações. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
O seminário reuniu representantes do governo, setor produtivo e empresas de tecnologia para debater a conectividade como infraestrutura essencial. “Estar conectado não é mais um luxo, é uma necessidade básica”, afirmou Roberto Lima, curador do evento e head do LIDE Inteligência Artificial. A digitalização da economia e dos serviços públicos foi apontada como pilar para inclusão, produtividade e inovação.
Um dos destaques do encontro foi a participação de Marcelo Mérias, diretor de Políticas Públicas da TIM, que ressaltou a liderança da empresa na cobertura 5G e sua presença em todos os municípios brasileiros. “A conectividade é um habilitador. Hoje, somos parceiros diretos dos setores econômicos — da educação ao agro, da saúde às finanças”, afirmou.
Segundo Mérias, o sucesso do setor também está ligado à ousadia da política pública em telecomunicações: “O leilão não arrecadatório de 2021 foi uma revolução. Em vez de gerar receita para o Estado, ele trouxe compromissos de cobertura em regiões remotas. Essa visão estratégica é o que nos permite hoje alcançar quase 70% da população urbana com 5G.”
Ele também alertou para os desafios. “Somos o setor que mais investe, mas enfrentamos dificuldades como vandalismo, legislação municipal desatualizada e concentração do tráfego digital em poucos pontos. É hora das grandes aplicações também contribuírem para a sustentabilidade das redes.”
Cidades conectadas, campo transformado
A deputada federal Simone Marquetto defende que a digitalização no serviço público resulta em economia, agilidade e transparência. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Exemplos concretos mostraram como a conectividade está mudando a gestão pública e o setor produtivo. A deputada federal Simone Marquetto relatou como a digitalização dos serviços públicos em Itapetininga (SP), durante sua gestão como prefeita, resultou em economia, agilidade e maior transparência. “Com o prontuário eletrônico e leilões online, conseguimos entregar mais com menos”, disse.
No campo, a conectividade tem sido transformadora. O Grupo São Martinho, por exemplo, implantou uma rede 4G privada que cobre mais de um milhão de hectares. “Essa infraestrutura é essencial para a logística e operação das nossas usinas. Ela permite tomada de decisões em tempo real, aumento de produtividade e eficiência”, afirmou Ed Fiore, diretor de TI da empresa.
Segurança e futuro digital
Além da cobertura, o evento também discutiu a importância da cibersegurança e da soberania digital diante do crescimento exponencial de usuários e dados. “O Brasil é um dos países com maior incidência de fraudes online por usuário. Segurança deve acompanhar cada ponto de conexão”, alertou Eduardo Mantegaza, da FS, empresa de cibersegurança.
Para Baigorri, os próximos desafios do setor vão além da expansão da rede: é preciso preparar a população para fazer uso qualificado da internet. “Levar conectividade é importante, mas ensinar a usar de forma transformadora é o passo seguinte. Caso contrário, o risco é trocar exclusão por alienação digital”, concluiu.