Brasileiras, Grupo Soma e Vivara, ganham posições entre as 100 maiores empresas de artigos de luxo do mundo, aponta ranking da Deloitte

Global Powers Of Luxury Goods 2023 mostra que aumento acentuado nas vendas sinaliza o bom momento da indústria após os anos de pandemia.

Captura de tela 2023-12-18 160220Global Powers Of Luxury Goods 2023 mostra que aumento acentuado nas vendas sinaliza o bom momento da indústria após os anos de pandemia. (Foto: Divulgação)

Únicas organizações brasileiras presentes no top 100 do Global Powers Of Luxury Goods 2023, Grupo Soma (73ª) e Vivara (91ª) conquistaram novas posições no ranking, que identifica as maiores empresas de bens de luxo do mundo e faz uma análise a partir de múltiplas perspectivas.

Na última edição, realizada no ano passado, as companhias alcançaram a 78ª e 95ª posição, respectivamente. A pesquisa é desenvolvida anualmente pela Deloitte - organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo – e mostra, entre outros dados, que as 100 maiores organizações movimentaram uma receita agregada de US$ 347 bilhões no ano fiscal de 2022, acima dos US$ 305 bilhões registrados no ano fiscal anterior. Este aumento acentuado nas vendas de bens de luxo sinaliza o bom estado dessa indústria após os anos de pandemia da Covid-19.

Desta vez, o limite mínimo de receita para entrar na lista foi de US$284 milhões, acima dos US$240 milhões de 2021. Presente pelo segundo ano seguido no levantamento, o Grupo de Moda Soma S.A - responsável pelas marcas Farm, Animale, NV, Maria Filó, Cris Barros, Foxton e Fábula - teve um avanço de 37.9% nas vendas durante o ano fiscal de 2022, chegando a uma receita total de US$943 milhões.

Já a Vivara Participações S.A, que conta com Vivara e Life By Vivara, alcançou uma receita total de US$357 milhões, com aumento de 25,7% nas vendas. Já o domínio das 10 principais empresas deste segmento foi ligeiramente reduzido, uma vez que a sua participação nas vendas totais caiu para 38,4% em 2022, quando comparado ao máximo de 56,2%, alcançado no ano anterior.

“Ao observarmos o crescimento e evolução dessas marcas, é evidente que o Brasil não apenas participa ativamente do mercado de itens de luxo, mas está moldando sua própria narrativa dentro desse universo exclusivo. Este feito também reforça a visão de que as marcas brasileiras têm um papel significativo e duradouro no cenário internacional de luxo", afirma Luis Otavio da Fonseca, sócio-líder de Consumer da Deloitte.

As organizações do setor de vestuário e calçado são as que mais contribuem para o Top 100, sendo 37. No entanto, cinco das seis novas companhias que entraram no ranking neste ano são do ramo de joias e relógios. O levantamento da Deloitte mostra ainda que 91 das 100 maiores empresas de bens de luxo relataram crescimento nas vendas em 2022.

No ano anterior, esse número era de 72, contra apenas 23 no ano fiscal de 2020. O desempenho composto reflete a recuperação contínua das organizações diante do impacto da pandemia da Covid-19, com lojas abertas durante a maior parte do ano, com o regresso das viagens e do turismo e a recuperação da procura dos consumidores. A atividade de M&A (fusões e aquisições) no Top 100 desacelerou ligeiramente em 2022. Cosméticos e fragrâncias foram identificados como o setor mais atraente para investidores em 2023, seguido por vestuário e acessórios.

Indústria adota a IA

As marcas de luxo representam, tradicionalmente, o auge do artesanato e da exclusividade. No entanto, nos últimos anos, a indústria tem estado na vanguarda da adoção da tecnologia e da digitalização, explorando novas fronteiras. As marcas de luxo estão aproveitando a Inteligência Artificial (IA) para fornecer recomendações personalizadas de produtos, conselhos de estilo e suporte ao cliente em tempo real, por meio de chatbots e assistentes de compras virtuais com tecnologia de IA Generativa. O relatório da Deloitte conclui que esta transformação tecnológica visa criar uma experiência de compra mais única e agradável.

Loja de luxo do futuro

Apesar do forte aumento dos canais digitais durante a pandemia, as lojas físicas de luxo continuarão a ser cruciais para os clientes, graças ao seu valor experiencial. A pesquisa identificou que cerca de 60% dos clientes preferem comprar em lojas físicas, 47% preferem tocar e experimentar os produtos antes de comprar e 70% consideram vendedores de loja cruciais para suas compras.

Uma loja de luxo permite que os consumidores interajam de forma intensa e imersiva com marcas de luxo, desde a compra de produtos até o recebimento de serviços exclusivos e personalizados, o que não é possível numa loja exclusivamente online. A “loja do futuro” terá de ser não apenas digital, mas também sustentável.