André Siqueira: Marketing digital transforma comportamento dos consumidores

Clientes são educados a saber mais sobre a empresa em que pretendem comprar o produto; pesquisam sobre o que a empresa faz e como faz e avaliam no que ela acredita.

06-05-2021-ANDRESIQUEIRA-12074--1-André Siqueira, cofundador da RD Station e autor do livro: "Máquina de aquisição de clientes". (Foto: Thiago Bruno)

As tecnologias digitais vêm mudando drasticamente a vida em sociedade: a maneira como trabalhamos, aprendemos, produzimos, interagimos e convivemos nunca mais foi mesma depois do advento da internet, de redes sociais, da robotização e da inteligência artificial, por exemplo. Da mesma maneira foram impactadas as relações de compra e venda.

O cofundador da RD Station, empresa referência em marketing digital e autor do livro “Máquina de aquisição de clientes”, André Siqueira, explica que atualmente, devido à transformação digital, há muito mais opções de produtos e serviços, sendo também mais fácil encontrá-los.

“Neste cenário, as empresas necessitam não somente fornecer melhores soluções, como também estar no caminho e na rotina do cliente, construindo relações de confiança e proximidade com ele, a fim de conseguir não só a venda como a sua fidelidade”, diz.

O marketing digital tem um importante papel nessa fidelização do cliente. Segundo Siqueira, é através de ações de comunicações no âmbito digital que as marcas estreitam o relacionamento com o cliente, fazendo com que muitas vezes esse relacionamento vire um pré-requisito para a venda.

“O marketing digital consegue mesmo até transformar o comportamento dos consumidores, ao educá-los para saber mais sobre a empresa em que pretende comprar o produto, fazendo com que pesquisem sobre o que a empresa faz e como faz, avaliando as crenças da empresa, para perceber se se identificam com ela ou não”, diz.

O cofundador da RD Station ressalta que essa busca por mais informações também é facilitada pela digitalização, afinal, hoje em dia, com uma breve pesquisa no Google, é possível conseguir opiniões de especialistas, guia de compras, avaliações de clientes atuais. “Para quem precisa saber mais, há muito mais informação disponível”, afirma.

O cliente, inserido nessa economia cada vez mais digital, ganha uma importância nunca antes imaginada. Podendo emitir sua opinião e avaliação em um número grande de redes e canais, ele consegue interferir até no sucesso ou no fracasso de vendas de produtos. Caso fique satisfeito e compartilhe sua experiência, pode ser tornar um grande impulsionador de demanda para as empresas. Pelo contrário, se não se encantar pelo produto ou marca, pode funcionar como um estraga prazeres, empacando as vendas.

A internet e as redes sociais propiciaram o surgimento de uma miríade de formadores de opinião, que antes se restringiam aos meios de comunicação clássicos. Conforme o cofundador da RD Station, hoje, qualquer pessoa pode falar e ser ouvida.

“Se a opinião é interessante, essa pessoa forma uma audiência, que lhe proporciona milhares ou mesmo milhões de seguidores”, diz. Soma-se a isso, a impressão por parte dos seguidores de que a opinião emitida é na maioria das vezes idônea, já que feita por alguém independente, sem ligação com uma marca. “Isso faz com que confiemos mais nessas opiniões do que em um anúncio, que tem a intenção de vender”, afirma.

Se as tecnologias digitais propiciaram o fortalecimento do usuário comum, fazendo com que sua opinião fosse levada em consideração como nunca antes na história, por outro lado, principalmente através da inteligência de dados, tornaram esse usuário mais influenciável. Siqueira explica que o objetivo dos algoritmos é que os usuários fiquem mais tempo nas redes, voltem mais vezes, para assim ganharem mais dinheiro oferecendo anúncio a eles. Além disso, querem que os anunciantes vendam mais e assim invistam em anúncios.

“Tendo em vista esses dois pontos, os algoritmos irão trazer aos usuários os conteúdos mais agradáveis a fim de gerar conexão. A lógica é que o consumo aumente com a exposição maior a coisas que temos mais afinidade”, explica Siqueira, destacando que isso pode se tornar muito perigoso para quem não tem muito domínio sobre os impulsos e controle emocional.