Investimento em infraestrutura alcança R$ 213,4 bilhões em 2023, o maior valor desde 2014

Ainda de acordo com o Barômetro da Infraestrutura, o crescimento em termos reais foi de 19,6% em relação a 2022. (Foto: Agência EY)

O investimento em infraestrutura registrou no ano passado o maior valor desde 2014 com R$ 213,4 bilhões – crescimento de 19,6% em termos reais na comparação com 2022. Além do crescimento de 14% dos investimentos privados, contribuiu para esse desempenho a expansão de 44% nos investimentos públicos, que atingiram R$ 47,7 bilhões, o melhor resultado desde 2017, ano de início da Lei do Teto dos Gastos. Para o médio e longo prazos, a expectativa para os investimentos em infraestrutura é igualmente positiva. Isso porque, na avaliação do mercado, há maior articulação entre o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e o PPA (Plano Plurianual) 2024-2027 do governo federal e dos estados e municípios. Essas informações fazem parte da última edição, referente ao segundo semestre do ano passado, do Barômetro da Infraestrutura, elaborado pela EY em parceria com a ABDIB (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base).

Outros dois fatores que devem influenciar os próximos trimestres são a redução dos juros básicos da economia, o que pode ocorrer em um ritmo mais intenso do que o esperado, além de o setor privado ter sido chamado a ser protagonista dos programas de investimentos via concessões e PPPs (Parcerias Público-Privadas) por meio de centenas de projetos em estruturação no país. Também por esses motivos houve crescimento da visão otimista em relação ao cenário de investimentos nos próximos seis meses, patamar acima do verificado nos últimos dois anos da pesquisa, com 44,4% dos empresários e especialistas do setor entrevistados considerando o cenário favorável, ante 31,9% do levantamento passado, e redução significativa da percepção desfavorável – 24,2% agora contra 37,8% da edição anterior.

Em relação ao ambiente macroeconômico, o estudo pontua que o governo está reduzindo as incertezas em relação às agendas estruturantes do país e aumentando a expectativa de medidas positivas como o Novo PAC e a reforma tributária. Nesse contexto, houve, entre os entrevistados, aumento da expectativa de crescimento econômico do país no próximo semestre.

A reforma tributária, aliás, está neste momento entre as prioridades das empresas, que estão atentas à sua regulamentação via lei complementar, com o início das discussões marcado para as próximas semanas no Congresso Nacional. A modelagem tributária tem sido buscada pelas organizações para verificar as formas mais vantajosas de desenvolver uma operação do ponto de vista fiscal. O objetivo é, por meio da organização das atividades da empresa, garantir maior eficiência econômica ao negócio, o que se dá também pela redução do ônus tributário. Para isso, são criados e mapeados diferentes cenários, considerando fatores como localização geográfica da empresa, incluindo fábricas e centros de distribuição, dos seus fornecedores e clientes; uso ou não de benefícios fiscais; malha logística; e origem dos seus produtos.

Estados na dianteira da promoção de investimentos

Os governos estaduais, ainda de acordo com o Barômetro da Infraestrutura, mantiveram a liderança entre os entes federativos em relação a quem melhor tomou decisões importantes para a promoção de investimentos em infraestrutura nos últimos seis meses. Na sequência, veio a União e, por fim, os municípios.

Pela segunda edição consecutiva, a expectativa do mercado sobre o potencial de concessões e PPPs no nível estadual foi superior na comparação com a federal, o que pode indicar um cenário de incerteza quanto às políticas que estão sendo praticadas pela União.

Barômetro da Infraestrutura

O estudo é realizado semestralmente pela EY e ABDIB para identificar o ânimo dos empresários e especialistas dos setores de infraestrutura sobre os temas que impactam a realização de investimentos e o desenvolvimento de projetos. O objetivo desses levantamentos é oferecer uma contribuição às autoridades públicas e aos agentes institucionais sobre os caminhos para a promoção do desenvolvimento da infraestrutura.