Falha nos aplicativos não deve afastar empreendedores da tecnologia

Consultor da EY explica que o importante é avaliar os riscos e ampliar opções tecnológicas em caso de problemas como a interrupção de ferramentas como WhatsApp e outras.


Sócio de cibersegurança da EY, Marcos Sêmola (Foto: Divulgação)

Conhecer e ajustar os riscos da dependência da tecnologia no seu negócio é importante para evitar problemas graves em decorrência da interrupção de serviços como o WhatsApp e outros. A recomendação é do sócio de cibersegurança da EY, Marcos Sêmola. Segundo ele, a interrupção dos aplicativos não deve afastar o empreendedor da tecnologia. O segredo está em mensurar riscos e ampliar as opções tecnológicas para ter alternativas e mitigar prejuízos. “Estruturar o negócio com tecnologia intensiva é um caminho sem volta. O segredo está em encontrar o ponto de equilíbrio entre risco, apetite e contingência”, diz Sêmola, em entrevista à Agência EY.

Como avalia a pane nos serviços de WhatsApp ocorrida no final do ano passado para as empresas?

Meu comentário se aplica a qualquer negócio que tenha feito apostas em um ou em poucos produtos, tecnologias, empresas e infraestruturas reconhecidamente críticas para suas operações. Isso porque estamos operando em uma sociedade hiperconectada e dependente de ativos concentradores que podem falhar. Afinal, risco é um vetor onipresente. Por isso, qualquer decisão estratégica deve ser amparada por uma análise de risco inerente e do seu próprio apetite de riscos. Quando esses dois indicadores não se alinham, a empresa precisará tomar medidas compensatórias, seja diluindo a carga e dependência entre mais ativos, seja desenhando soluções de contingência capazes de manter o negócio respirando em situações de crise como a que vivenciamos esta semana.  

Muitas empresas alegam prejuízos com a interrupção dos serviços. Isso demonstra uma dependência excessiva dos aplicativos em seus negócios?

Não necessariamente. Risco é um vetor onipresente. Conhecer seus riscos e ajustá-los à tolerância da empresa é uma ciência. Aqueles que souberem fazer bem esse trabalho poderão até reclamar de interrupções e prejuízos, mas garantirão os recursos essenciais para continuarem vivos e contar a história depois que a tempestade passar. Estruturar o negócio com tecnologia intensiva é um caminho sem volta, o segredo está em encontrar o ponto de equilíbrio entre risco, apetite e contingência.

O que as empresas devem fazer, a partir de agora, para evitar problemas como o de segunda-feira, ou pelo menos amenizá-los, em caso de novo “apagão” dos aplicativos?

Algumas diretrizes que podem ser tomadas: identificar seus riscos, conhecer seu apetite a esses riscos, além de avaliar os riscos projetando cenários e priorizá-los. É necessário também desenvolver alternativas de tratamento e mitigação dos riscos que superarem o apetite da empresa, para que possam operar sob nível de risco tolerável.

Para as pessoas em geral, a interrupção dos serviços de mensagens também serve de alerta?

Sim, no caso de esses serviços forem vitais e/ou tão importantes, a ponto de que os danos causados por uma interrupção dessa magnitute pudesse produzir impactos inaceitáveis na manutenção da vida do indivíduo.

Fonte: Agência EY