COP30 pode incentivar redução da emissão de CO2 em sistemas agroalimentares

Segundo Patrick Caron, apesar de lentos, eventos internacionais incentivam a discussão de temas sobre a mudança climática.

Amazônia_ Foto: Fundo Amazônia/DivulgaçãoDentre as expectativas da conferência, a redução da emissão de carbono está entre as principais metas. (Foto: Fundo Amazônia/Divulgação)

O Brasil sediará, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP30. No centro da Amazônia brasileira, em Belém do Pará, líderes mundiais se reunirão a fim de tratar sobre a intensificação da mudança climática que assola o planeta e as possíveis alternativas que podem ser tomadas frente ao colapso ambiental. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas, espera-se um fluxo de mais de 40 mil visitantes e, dentre estes, 7 mil serão pertencentes às equipes da ONU e delegações dos países convidados. Entretanto, apesar da grandeza, críticos questionam os reais impactos gerados por tais eventos.

Para Patrick Caron, vice-presidente do Conselho do Grupo Consultivo sobre Pesquisa Agrícola Internacional, o CGIAR, pesquisador do Cirad, o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento, presidente da Agropolis International, apesar das resoluções não se desenrolarem da forma acelerada como o esperado e a situação exige, elas ainda são necessárias para as discussões ambientais. “A situação vem piorando. Porém, nós sabemos dos terríveis riscos e das consequências de não atuar com intensidade e já conhecemos alguns caminhos para atenuar o problema. A reação de muita gente é de criticar o alto custo destas reuniões e conferências e o fato de elas não se traduzirem imediatamente em ações concretas. Porém, seria um erro dramático abandonar a capacidade de tratar desses assuntos em nível mundial”, enfatiza Caron.

Desastres climáticos crescem

As mudanças climáticas têm sido cada vez mais pronunciadas e bruscas, assim como os desastres climáticos. Apenas no Brasil, um estudo lançado pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica – coordenado pelo Programa Maré de Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pela Unesco – revelou que os desastres climáticos no Brasil cresceram 250% nos últimos quatro anos (2020–2023), quando comparados à década de 1990. Com a aceleração dos efeitos, medidas práticas têm cada vez mais sido aclamadas pela população.

Neste caso, o pesquisador ressalta que mudanças de níveis local e territorial devem abarcar o cenário nacional e internacional de maneira conjunta. Segundo ele, políticas nacionais devem ser implementadas no cenário local, enquanto quadros de pensamento e agenda política são formulados no cenário internacional, visando a mudanças para os diferentes ambientes nacionais. “Não poderemos resolver esses problemas simplesmente através da ação local. Com ações políticas, nós temos que costurar o relacionamento entre as muitas inovações locais com as quais é possível aprender para elaborar políticas apropriadas e tornar as negociações internacionais mais eficientes.”

Dentre as expectativas de resoluções que poderão ser abordadas na conferência, a redução da emissão de carbono está entre as principais metas, entretanto Caron ressalta a importância no incentivo a mudanças nos sistemas agroalimentares, responsáveis pela emissão de um terço dos gases do efeito estufa e que, segundo ele, são a chave para o combate à mudança climática. “Não será possível conseguir o efeito esperado sem mudança fundamental nas maneiras de produzir, transformar, conservar e consumir os alimentos.”