Taxas de juros sobem com foco em reuniões de política monetária do Brasil e dos EUA
As taxas de juros negociadas no mercado futuro sustentaram sinal de alta desde o início dos negócios desta primeira sessão de maio, na contramão da baixa do dólar, e em um ambiente de liquidez reduzida, devido ao feriado de ontem. A agenda do dia foi escassa e teve como destaque a divulgação do relatório de empregos dos Estados Unidos, pela manhã.
Na avaliação da economista-chefe da Mirae, Marianna Costa, o ambiente no mercado foi de expectativa pela decisão de política monetária do Banco Central, com dúvidas quanto ao número remanescente de elevações da taxa Selic e em qual magnitude. "A percepção hoje é de que o Banco Central pode ser um pouco mais conservador, levando em conta o cenário inflacionário resiliente e as expectativas de inflação ainda muito desancoradas, com atividade econômica ainda forte, com sinais ainda incipientes de desaceleração", afirma a economista.
Do lado dos Estados Unidos, o dia foi de avanço dos retornos dos Treasuries, com os investidores ainda analisando os dados do relatório de empregos, conhecido como "Payroll". O documento mostrou criação de vagas em abril bem acima do esperado, embora a taxa de desemprego tenha ficado estável e o rendimento médio do trabalhador tenha subido menos que o esperado. Marianna afirma que o dado de hoje contrariou indicadores mais fracos divulgados nos últimos dias, como o Produto Interno Bruto (PIB) americano, o que favorece um ajuste das taxas por lá. "Os dois cenários Brasil e EUA apontam para juros mais elevados por um tempo maior", afirma.
A economia dos Estados Unidos criou 177 mil empregos em abril, em termos líquidos. O número superou o teto das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, que ia de criação de 95 mil a 175 mil vagas, com mediana de 138 mil. O relatório, também conhecido como payroll, é a principal métrica do mercado de trabalho dos EUA. De acordo com a economista da Mirae, o relatório teve pouca influência sobre o mercado doméstico, uma vez que boa parte da pressão ocorreu principalmente nos trechos intermediário e longo da curva.
No Brasil, ao longo da sessão de negócios, as projeções do mercado em relação à decisão do Copom pouco se alteraram em relação ao fechamento de quarta-feira. Isso significa que a aposta majoritária continua a ser de uma elevação de 0,50 ponto porcentual, levando em conta que o Copom apontou no guidance da última reunião que os ajustes seguiriam, mas em menor magnitude. Em discurso na terça-feira, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmou que o guidance continuava válido e voltou a inspirar cautela ante a desancoragem das expectativas de inflação e desaceleração da economia ainda em fase bastante inicial.
Às 17h21, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2026 tinha taxa de 14,670%, ante 14,662% do ajuste de quarta-feira. O DI para janeiro de 2027 projetava 13,950%, contra 13,877%. O vencimento de janeiro de 2029 projetava 13,585%, ante 13,51%. E na ponta mais longa, o DI para janeiro de 2031 estava em 13,80%, de 13,77%.