Faltam incentivos e financiamento para proteína alternativa, diz estudo

Pesquisa com especialistas no Brasil apontou capital humano como facilitador desse mercado.

 
Variedade de carnes à base de planta, alimentos para reduzir a pegada de carbono (Foto: Reprodução/Insper Conhecimento)

O desenvolvimento de um mercado sustentável de proteínas alternativas no Brasil esbarra na falta de incentivos de políticas públicas, na morosidade da burocracia e no baixo acesso a financiamento. Por outro lado, a formação dos profissionais que atuam na área e o ambiente inovador das empresas são avaliados como elementos propulsores dessa atividade emergente.

Essas foram algumas das principais conclusões de Priscila Claro, do Insper, Vinicius Rodrigues, do Insper e da universidade de Strathclyde, e Camila de Moraes, da EAESP/FGV, em estudo com participantes especializados nessa indústria no Brasil.

Proteínas alternativas resultam do avanço das biotecnologias, que inclui diversos processos de produção e resultam em provisões – como carnes, ovos e laticínios – à base de plantas, de fermentação e de cultivo de células.

Além de despontarem como uma fonte promissora para alimentar uma população mundial que atingirá 10 bilhões em meados do século, essas inovações poderão ajudar na descarbonização da atmosfera, e assim mitigar o aquecimento global. A produção tradicional de carne, principalmente porque em sua digestão os rebanhos expelem gases que contribuem para o efeito-estufa, responde por mais da metade do lançamento de carbono na atmosfera pela atividade agrícola.

A fim de avaliar quais seriam as barreiras e os fatores facilitadores do desenvolvimento do mercado de proteínas alternativas no Brasil, o trio de pesquisadores estruturou um questionário para inquirir 18 representantes de alto nível de companhias de diversos tamanhos que atuam nesse setor no país.

Entre os entraves mais frequentes nas respostas figuraram os relativos a aspectos externos às operações empresariais, notadamente a estrutura de desincentivo de políticas públicas como a tributação, a morosidade de burocracias como a Anvisa no processo de liberação dos produtos e a carência de financiamento para os empreendimentos.

As atividades propriamente empresariais se destacaram entre os aspectos facilitadores da indústria sustentável de proteínas alternativas citados pelos especialistas. O capital humano bem formado e motivado e a governança inclinada à inovação foram os itens mencionados com maior frequência.

Fonte: Insper Conhecimento
Foto de Capa: Agência Brasil