Danilo Caffaro, do Itaú: queremos ser protagonistas na expansão do home equity

Produto é destinado para quem procura valor relevante de crédito, com um prazo longo e parcelas com juros baixos.

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Danilo Caffaro, do Itaú:  modalidade é frente que ganha cada vez mais relevância. (Foto: Divulgação)

Em 2020, o Banco Central divulgou um estudo em que apontava o home equity, empréstimo que depende de um imóvel como garantia, como o responsável por uma carteira de mais de R$ 300 bilhões, tendo potencial para alcançar a marca de R$ 500 bilhões. Em ascensão no Brasil, a modalidade de crédito vem conquistando diversos nichos, como é o caso das fintechs e incorporadoras que viraram importantes marcas como a CashMe, Creditas, CrediHome, Pontte, entre outras.

Nesta linha, o mais recente caso é o da Kenlo, que oferece soluções em tecnologia para mais de 7 mil imobiliárias e 45 mil corretores brasileiros.

“Essa modalidade de crédito realmente é nova no Brasil, estamos vivendo uma fase de ‘apresentação’. Ela só se torna viável em cenários de taxas básicas de juros (Selic) baixas e vivemos isso aqui há bem pouco tempo. O produto é destinado para quem procura um valor relevante de crédito, com um prazo longo para pagamento, o que resulta numa parcela baixa, que deve caber no orçamento do cliente. Nossas taxas de juros partem de 0,75% a.m. + IPCA, com prazo de 240 meses para pagamento, sem valor máximo de empréstimo”, revela Fabrício Almeida, diretor de negócios da Kenlo Home Equity.

Análise mundial

Para o executivo da Kenlo, o home equity, em outros países, faz um papel de alavancagem para o cliente, seja para abrir ou reforçar um negócio, comprar um segundo imóvel, pagar faculdade, entre outros objetivos.

“Aqui, temos a cultura que o crédito é normalmente associado a situações de emergência dado o histórico de altas taxas de juros. E uma das principais características desse novo modelo é que os recursos podem ser utilizados para qualquer finalidade. A troca de dívidas e organização do fluxo de caixa tem sido um dos principais motivadores da contratação, porém não apenas isso”.

Na análise de Victor Botelho, superintendente de Crédito Imobiliário do Banco Inter, “países com economias mais maduras nesse setor chegam a ter uma penetração em seu PIB de até 82% (Austrália), enquanto atualmente a porcentagem no Brasil é de 3%. Este dado mostra um pouco do potencial de crescimento que podemos chegar no futuro. De acordo com o Banco Central o valor pode chegar até 20% em 20 anos”.

Sandro Gamba, Diretor de Negócios Imobiliários do Santander BrasilSandro Gamba, diretor de Negócios Imobiliários do Santander Brasil. (Foto: Divulgação)

No radar

Realmente os novos participantes do mercado, principalmente fintechs e bancos digitais, tem demonstrado bastante apetite para o produto e estão estruturando suas operações. No entanto, os grandes bancos são ainda os principais originadores de home equity no Brasil, principalmente pela base de clientes que possuem.

“A presença de fintechs no ecossistema financeiro ajuda a dar maior liquidez e competitividade no mercado de crédito, aumentando o acesso a todas as modalidades. Elas contribuem na melhora da experiência dos clientes, na contratação dos serviços financeiros e ajudam também a eliminar a presença de intermediários, barateando o custo destes serviços”, acredita Botelho.

O Banco Central tem como um dos seus principais objetivos a redução das taxas de juros de empréstimos às pessoas físicas e jurídicas.

“Nesse sentido, o home equity contribui de forma muito importante, já que além de possuir as taxas mais baixas entre todas as modalidades, tem sido utilizado para trocar dívidas mais caras, consolidando e reestruturando o fluxo de caixa de muitos clientes. Nenhuma outra modalidade consegue entregar altos valores, com taxas tão baixas e em prazos tão longos. E o BC vem sinalizando com algumas recentes decisões que está monitorando e buscando o crescimento dessa carteira no país”, alerta o diretor da Kenlo.

Expertise

Sandro Gamba, diretor de negócios Imobiliários do Santander Brasil, acha válido reforçar que a modalidade não é crédito imobiliário, e sim empréstimo com um imóvel usado para garantia.

“Os clientes podem utilizar como garantia um bem próprio ou de terceiros para obtenção do crédito. O processo de análise é 100% online pelo site ou app Usecasa. Até mesmo a entrega dos documentos é digital, a ida até a agência é só para assinar o contrato. Nosso financiamento é a partir de R$ 30 mil, sendo que o crédito é de até 60% do valor do imóvel, enquanto as fintechs praticam até 50%. Outro grande é o prazo de até 20 anos para quitação, sendo comum no mercado de 10 a 15 anos”, enfatiza.

Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, Abecip, o Santander mantém a liderança no mercado de home equity desde abril do ano passado.

“Nossa missão é ajudar o cliente final. Para isso, oferecemos diversas vantagens para que ele possa cumprir com o acordo: Os juros são de 1% ao mês, com parcelas fixas e sem correção. Além disso, é possível optar por um mês no ano não pagar a parcela integral. O Usecasa conta também com seguro de Morte e Invalidez Permanente (MIP) e Danos Físicos do Imóvel (DFI) da Zurich”, acrescenta Gamba.

Já o superintendente de Crédito Imobiliário do Banco Inter complementa que entre as finalidades mais usuais do modelo é a consolidação de dívidas mais caras por outras menores.

“Além de capital de giro para o negócio, reforma ou construção de imóvel, investimentos gerais, capital para agronegócio, troca de financiamento de veículos ou de crédito consignado por empréstimo mais barato. Conosco é possível pedir um empréstimo de até 50% do valor do imóvel sem precisar vender ou sair dele. O bem em garantia pode ser comercial ou residencial e pode, ainda, estar financiado ou 100% quitado”, elucida.

Reforço no crédito

Danilo Caffaro, diretor de Crédito Imobiliário e Consórcios do Itaú Unibanco, tem a convicção de que a modalidade de crédito com garantia de imóvel é uma frente que ganha cada vez mais relevância no crescimento do setor imobiliário. “Queremos ser os protagonistas na expansão deste mercado e de todo o setor brasileiro. Seguiremos empenhados em reduzir as dores dos clientes por meio de inovação e da digitalização de nossos produtos e serviços. Atualmente, oferecemos valores de até 60% do imóvel e prazo de até 15 anos”, afirma.