“Sustentabilidade não é custo: é a chave para o crescimento e liderança global”, defende Henrique Meirelles
Henrique Meirelles afirma que Brasil pode transformar sua posição ambiental privilegiada em vantagem competitiva. Evento é realizado pelo LIDE em parceria com a FIEMS.
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, defende que Brasil tem condições para transformar sustentabilidade em crescimento econômico. (Foto: Evandro Macedo/LIDE)
Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e referência internacional em economia, afirmou que o Brasil reúne as condições ideais para transformar sustentabilidade em crescimento econômico e liderança global. “Não é mais possível manter um modelo econômico baseado no desmatamento e práticas predatórias. Sustentabilidade não é custo — é investimento, é competitividade.”
Falando no Fórum LIDE COP30, Meirelles destacou que a maior ameaça à economia não está na preservação ambiental, mas na insistência em práticas ultrapassadas. “O desmatamento é uma atividade predatória e ineficiente. Causa prejuízo ambiental e econômico, com baixíssimo impacto em geração de emprego e renda.”
Energia limpa como trunfo brasileiro
Meirelles reforçou que o Brasil está muito à frente da média global no uso de energias renováveis. “Mais de 85% da energia elétrica brasileira vem de fontes renováveis. A média mundial é 30%. Enquanto países como China e Estados Unidos têm 70% de suas emissões vindas da geração de energia, no Brasil essa taxa é de apenas 20%.”
Segundo ele, isso torna as metas climáticas do Acordo de Paris mais viáveis para o Brasil, com menor custo de transição e impacto sobre o modelo produtivo. “Não precisamos de transformações tão radicais como outros países. Precisamos, sim, acabar com o desmatamento e ampliar práticas sustentáveis.”
Floresta vira ativo: crédito de carbono é novo vetor de crescimento
Para Meirelles, o mercado de crédito de carbono é uma oportunidade clara para o país. “O Brasil pode movimentar até US$ 100 bilhões por ano, segundo o Observatório do Clima, com a venda de créditos baseados em reflorestamento, conservação e uso de energia limpa.”
Essa mudança de perspectiva — de floresta como entrave a floresta como ativo — é central na nova economia verde. “A visão ultrapassada de que a floresta impede o crescimento está superada. A preservação rende mais do que a destruição.”
Produção sustentável, mais competitiva e sem barreiras
O ex-ministro também apontou riscos concretos para a economia caso o país não se adapte: “O agronegócio sofre pressões e ameaças de restrições comerciais devido ao desmatamento. Uma produção sustentável protege o setor e amplia o acesso aos mercados.”
Segundo ele, as práticas sustentáveis não apenas garantem competitividade, mas também expandem mercados e aumentam a eficiência produtiva. “O Brasil tem tudo para crescer muito e de forma sustentável. Temos as florestas, temos energia limpa, temos o mercado global à espera. Agora é hora de agir.”
O Fórum LIDE COP30 é realizado pelo LIDE, em parceria com a Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS), reunindo autoridades, empresários e especialistas para construir um posicionamento estratégico do Brasil rumo à COP30, que será sediada em Belém, em 2025.