Sem segurança política, o Brasil continuará fora do radar dos grandes investimentos, alerta Ibaneis Rocha

Governador do Distrito Federal aponta previsibilidade institucional como pré-requisito para destravar o potencial econômico do país e fortalecer as relações com os Estados Unidos.

 

 

A decisão de uma multinacional sobre onde investir passa, cada vez mais, pela confiança no ambiente institucional. Para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, o Brasil ainda precisa vencer seus próprios entraves políticos antes de se consolidar como destino preferencial de capital estrangeiro. Em fala no LIDE Brazil Investment Forum, em Nova York, ele foi direto: sem estabilidade entre Executivo, Legislativo e Judiciário, não há concessões, parcerias ou projetos que avancem.

“O que nós precisamos é ter um olhar de futuro e deixar de lado as ideologias. Desenvolvimento se faz com pragmatismo, com responsabilidade, com segurança jurídica”, afirmou.

Investimentos internacionais exigem previsibilidade

Ibaneis destacou que a atratividade de um país para investimentos internacionais não se resume a incentivos fiscais ou projetos de infraestrutura. Segundo ele, a percepção de estabilidade institucional é o primeiro filtro para quem toma decisões de investimento em nível global.

“A primeira coisa que uma delegação estrangeira pergunta não é sobre isenções ou subsídios, mas sobre a relação do governo com o Legislativo, com o Judiciário. Disputas internas passam uma imagem de insegurança e afastam investidores”, reforçou.

Para Ibaneis, garantir segurança jurídica e institucional não é uma questão ideológica, mas sim uma condição essencial para integrar o Brasil aos fluxos globais de capital. Ele defendeu um ambiente político mais maduro, onde governo e oposição convivam de forma civilizada e respeitem a alternância de poder como parte do processo democrático.

Brasília: centro logístico e econômico além da política

Longe de se restringir ao papel de capital política, o Distrito Federal vem diversificando sua economia e se posicionando como um hub logístico estratégico. Com empresas como Amazon, Mercado Livre e Americanas instalando centros de distribuição em Brasília, a cidade se consolida como elo fundamental para o escoamento de produtos em todo o território nacional.

“Nosso aeroporto, hoje entre os 10 melhores do mundo, é um diferencial competitivo. A partir dele, conseguimos distribuir mercadorias para todas as capitais do Brasil em tempo recorde”, disse Ibaneis.

A força do turismo também foi destacada. De 2019 até hoje, Brasília registrou um crescimento de 40% no setor, tornando-se o segundo destino mais procurado do país em feriados prolongados. A infraestrutura hoteleira, aliada à segurança pública e à qualidade do transporte, foi determinante para atrair grandes eventos — incluindo a escolha de Brasília como uma das sedes da Copa do Mundo Feminina.

Relação com os EUA e integração global

A balança comercial do Distrito Federal também ilustra a importância da relação com os Estados Unidos. Segundo Ibaneis, 16% das exportações de Brasília são destinadas ao mercado americano, o que representa cerca de US$ 328 milhões por ano. Essa parceria tende a se fortalecer com a expansão das atividades logísticas e de serviços de alto valor agregado.

“Brasília tem um dos mais altos índices de renda per capita do Brasil, o que alimenta uma forte demanda interna e cria um mercado consumidor robusto. Essa combinação de fatores torna a cidade cada vez mais atrativa para investidores estrangeiros”, pontuou.

Governadores como força de equilíbrio

Ibaneis também destacou o papel dos governadores como agentes de estabilidade e desenvolvimento econômico. Como coordenador do Fórum de Governadores desde 2019, ele afirmou que os Estados têm feito sua parte para garantir equilíbrio fiscal, atrair investimentos e preservar a estabilidade democrática.

“Temos o melhor grupo de governadores da história do país. Todos comprometidos com as suas economias e com o desenvolvimento do Brasil. O que falta é que o país como um todo caminhe nessa direção, focado no que realmente importa para a sociedade”, concluiu.

Para ele, a responsabilidade dos líderes políticos nos próximos anos será criar um ambiente de negócios baseado em diálogo, previsibilidade e compromisso com as reformas estruturantes — deixando as disputas ideológicas para o campo eleitoral.