5G trará acréscimo de até 2% no PIB, estima superintendente da Anatel

Vinicius Caram, superintendente de Recursos de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, participou do LIDE NEXT_5G ao lado de empresários e especialistas do setor. Potencial financeiro da nova tecnologia é de R$ 13,2 trilhões até 2035, dizem analistas.

Vinicius Caram, superintendentVinicius Caram, da Agência Nacional de Telecomunicações. (Foto: Reprodução)

O superintendente de Recursos de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vinicius Caram, afirmou que a chegada do 5G ao Brasil ofertará acréscimo de 1% a 2% no PIB até 2035. Ele participou do LIDE NEXT_5G, nesta terça-feira (20), com especialistas do setor e empresários para debater a implantação da nova tecnologia no país.

"Sem telecomunicações, todos os sistemas param. Durante a pandemia, vimos que todos os setores precisam das redes, independentemente do tipo de consumo. As teles são infraestrutura para o desenvolvimento, sempre com olhar na economia de escala e harmonização global", disse o representante da agência reguladora.

Na avaliação de Caram, o edital do leilão de 5G, aprovado pela agência em fevereiro e submetido ao Tribunal de Contas da União (TCU) em março, cumpre com o objetivo de facilitar os investimentos no setor. Segundo ele, a expectativa é obter com o certame ao menos R$ 35 bilhões para suprir os gaps em infraestrutura.

"O nosso edital trouxe neutralidade tecnológica, segurança cibernética, maior capacidade de espectro. Traz, também, a figura do operador neutro. O texto trouxe os blocos regionais [investimentos e demandas por região do país], e tem um modelo não arrecadatório", explicou o superintendente da Anatel.

Julio Semeguini, secretário-ex Ex-secretário-executivo do Ministério da Ciência, Julio Semeghini. (Foto: Reprodução)

Vinicius Caram integrou o painel sobre política pública e regulamentação com ex-secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Julio Semeghini, que elogiou o edital. "Ao passar agora pelo TCU, ele dá essa segurança jurídica que tem sido problema em outros leilões. É um grande Marco Regulatório", considerou.

Para Semeghini, além da garantia aos investidores, é importante que a chegada da nova tecnologia assegure a implantação dos novos serviços possibilitados pela baixa latência (menor tempo de resposta) e pela alta conectividade (capacidade de grande número dispositivos estarem conectadas à rede).

"É importante que a gente atenda setores e áreas que hoje estão desconectadas, como o agronegócio. É importante que parte dessa estrutura a gente leve para o campo e também coloque no setor de saúde. A política pública é perfeitamente possível de ser implementada no edital que a Anatel encaminhou ao TCU", disse.

Infraestrutura

A secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Patrícia Ellen, considerou, no painel sobre infraestrutura, que é necessária atenção às áreas distantes dos grandes centros. Para ela, essas regiões poderão não ser contempladas com os novos recursos, assim como ocorreu com as gerações de tecnologia anteriores.

"Um corte por região seria mais balanceado para os pequenos municípios, que podem não ser muitos atrativos. Outro detalhe é que empresas que investiram em 4G estão tendo uma disrupção do negócio, porque fizeram investimento de 20, 25 anos. Ou seja, mudamos o modelo no meio do caminho. Fica a dúvida da transição", avaliou.

IPTPresidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Jefferson Gomes. (Foto: Reprodução)

O vice-presidente Brasil da SBA, Roberto Piazza, que participou do mesmo debate, também se mostrou preocupado com as legislações locais no que diz respeito à instalação de estrutura capaz de distribuir a quinta geração. Para o executivo, é importante que esses entraves sejam solucionados antes do resultado do leilão.

"Temos leis restritivas com relação à implantação de infraestrutura no país. Por exemplo, implantar torres em ruas com mais de dez metros de largura. Isso não existe em muitos locais periféricos.  Existe vontade, capacidade financeira, empresas preparadas, mas também precisamos de legislação adequada para acelerar o crescimento".

O diretor-presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Jefferson Gomes, defendeu que o 5G seja, de fato, utilizado para resolver os problemas. "5G não resolve problema de inclusão social, é o meio. Tem de ser implantado com várias ferramentas em conjunto. Não é apenas para que a geladeira converse com o supermercado, aí perdemos a essência".

Aplicações

No painel sobre a aplicabilidade da nova tecnologia, o Managing Director & 5G da Accenture, Paulo Tavares, afirmou que o potencial financeiro, estimado em R$ 13,2 trilhões até 2035, deve ser compatível aos benefícios, inclusive para B2B. Segundo ele, 60% dos executivos ainda não tem pleno conhecimento sobre possibilidade monetização.

"A gente tem visto que grande parte dos executivos, em todas as indústrias, já acredita nas possibilidades, mas ainda existe falta de conhecimento. O 5G, por exemplo, tem capacidade imensa de conectividade. Os smartphones serão 10% dos dispositivos conectados, enquanto que 90% outros devices, e isso traz outras possibilidades de modelos de negócios".

O Head de Realidade Estendida da Qualcomm, Hugo Swart, afirmou que a revolução  será semelhante à chegada do smartphone no 4G. "Virá uma nova plataforma de dispositivos, de computação e de comunicação, que é o XR [realidade estendida]. O mundo se transforma em seu monitor e você consegue colocar conteúdo onde quiser, onde quer que esteja".

Paulo TavaresManaging Director & 5G da Accenture, Paulo Tavares. (Foto: Reprodução)

As aplicabilidades do 5G, para o presidente Interino da Ericssson para o Cone Sul da America, Vinicius Dalben, vão além dos dispositivos. Para o executivo, a evolução tecnológica colocará o setor em um patamar inédito de importância, tornando-se indispensável aos demais para o desenvolvimento socioeconômico.

"O uso da tecnologia do 5G não vai simplesmente transformar o negócio, ele vai destravar aqueles que estavam setorizados. A gente entende que a transformação digital, alinhada ao 5G, é um grande habilitador disso e que, de certa forma, converte o setor tecnológico de uma vertical da economia para uma horizontal, essencial para todos os segmentos".

LIDE NEXT_5G

O LIDE NEXT_5G ocorreu de maneira virtual e reuniu os participantes em salas simultâneas para debater políticas públicas, infraestrutura e aplicações da nova tecnologia. O chairman do LIDE, Luiz Fernando Furlan, foi o anfitrião do evento, que integra a Plataforma LIDE 5G, desenvolvida para discutir a nova tecnologia.

"Comunicação e mobilidade por meio da tecnologia pode fazer uma enorme diferença. Os desníveis regionais são assuntos preocupantes. Por isso, em vez de arrecadatório, o processo de benefícios ao público deve ser o caminho", disse Furlan, ao defender o modelo de exploração da quinta geração de telecomunicação.

Luiz Fernando Furlan, chairmanLuiz Fernando Furlan, defendeu benefícios ao usuário. (Foto: Reprodução)

"A tecnologia é disruptiva e traz novas modalidades de uso de smatphones e aparatos tecnologia que usamos em casa e em locais de trabalho. É importante termos noção de urgência para que chegue logo a nossa economia, porque é um fator de desenvolvimento", alertou Roberto Giannetti, membro do Comitê de Gestão do LIDE.

Além de Furlan e Giannetti, o evento teve moderação de Roberto Lima, também membro do Comitê de Gestão do LIDE, e do diretor-executivo do Grupo Doria, João Doria Neto. Cada debate está disponível na TV LIDE, no YouTube, e no LIDE Podcast, nas principais plataformas de streaming de áudio (os players estão disponíveis abaixo).

Confira as salas em formato podcast: 

Políticas públicas

Infraestrutura 

Aplicabilidade do 5G